A SUPREMACIA DE CRISTO

A SUPREMACIA DE CRISTO

Paulo escreve que após Cristo sofrer um tempo de grande humilhação, Deus o exaltou
à mais alta posição:
Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não
considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas
esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos
homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi
obediente até a morte, e morte de cruz! Por isso Deus o exaltou à mais alta
posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de
Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua
confesse que Jesus Cristo é o Senhor,para a glória de Deus Pai (Filipenses 2.5-
11).
Oro também para que os olhos do coração de vocês sejam iluminados, a fim de
que vocês conheçam a esperança para a qual ele os chamou, as riquezas da
gloriosa herança dele nos santos e a incomparável grandeza do seu poder para
conosco, os que cremos, conforme a atuação da sua poderosa força. Esse poder
ele exerceu em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e fazendo-o assentar-se à
sua direita, nas regiões celestiais, muito acima de todo governo e autoridade,
poder e domínio, e de todo nome que se possa mencionar, não apenas nesta
era, mas também na que há de vir. Deus colocou todas as coisas debaixo de
seus pés e o designou cabeça de todas as coisas para a igreja, que é o seu
corpo, a plenitude daquele que enche todas as coisas, em toda e qualquer
circunstância (Efésios 1.18-23).
Assim, a Bíblia ensina que Cristo está num estado de exaltação sob o Pai, inigualável
por ninguém mais:
Porque ele “tudo sujeitou debaixo de seus pés”. Ora, quando se diz que “tudo”
lhe foi sujeito, fica claro que isso não inclui o próprio Deus, que tudo
submeteu a Cristo. Quando, porém, tudo lhe estiver sujeito, então o próprio
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Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, a fim de que Deus
seja tudo em todos (1 Coríntios 15.27-28).
Romanos 14.9 diz: “Cristo morreu e voltou a viver, para ser Senhor de vivos e de
mortos”. Uma confissão cristão cristã primitiva era: “Jesus é o Senhor” (Romanos
10.9; 1 Coríntios 12.3), e o próprio Jesus diz aos seus em Mateus 28.18: “Foi-me dada
toda a autoridade nos céus e na terra”.
A supremacia de Cristo ilustrada pelas passagens bíblicas supõe a suficiência de
Cristo. Paulo diz em Colossenses 1.18 que em tudo Cristo tem “a supremacia”, depois
do que ele adiciona: “Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude”
(v. 19). Essa “plenitude” inclui “todas as bênçãos espirituais” (Efésios 1.3) e “todos os
tesouros da sabedoria e do conhecimento” (Colossenses 2.3). Não há mancha ou
carência alguma nele: “Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da
divindade, e, por estarem nele, que é o Cabeça de todo poder e autoridade, vocês
receberam a plenitude” (Colossenses 2.9,10).
A suficiência de Cristo significa que mediante ele temos “tudo de que necessitamos
para a vida e para a piedade” (2 Pedro 1.3), e que não há necessidade de procurar
outras fontes de poder e orientação espirituais além das que estão disponíveis através
dele. Todavia, muitos cristãos professos em nossos dias estão procurando ajuda a
partir de fontes ilegítimas, ao passo que as soluções para os seus problemas estão
prontamente disponíveis através da oração em nome de Jesus e do conhecimento da
Escritura.
Muitas pessoas que alegam ser cristãs, no entanto, ficam envolvidas com práticas
ocultas tais como astrologia, horóscopo, necromancia e todas as variedades de
adivinhação. Porém, essas coisas são proibidas por Deus.
Não pratiquem adivinhação nem feitiçaria (Levítico 19.26).
Não recorram aos médiuns, nem busquem a quem consulta espíritos, pois
vocês serão contaminados por eles. Eu sou o SENHOR, o Deus de vocês
(Levítico 19.31).
Voltarei o meu rosto contra quem consulta espíritos e contra quem procurar
médiuns para segui-los, prostituindo-se com eles. Eu o eliminarei do meio do
seu povo (Levítico 20.6).
Os homens ou mulheres que, entre vocês, forem médiuns ou consultarem os
espíritos, terão que ser executados. Serão apedrejados, pois merecem a morte
(Levítico 20.27).
Não permitam que se ache alguém entre vocês que queime em sacrifício o seu
filho ou a sua filha; que pratique adivinhação, ou se dedique à magia, ou faça
presságios, ou pratique feitiçaria ou faça encantamentos; que seja médium,
consulte os espíritos ou consulte os mortos. O SENHOR tem repugnância por
quem pratica essas coisas, e é por causa dessas abominações que o SENHOR,
o seu Deus, vai expulsar aquelas nações da presença de vocês (Deuteronômio
18.10-12).
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Saul morreu dessa forma porque foi infiel ao SENHOR; não foi obediente à
palavra do SENHOR e chegou a consultar uma médium em busca de
orientação, em vez de consultar o SENHOR. Por isso o SENHOR o entregou à
morte e deu o reino a Davi, filho de Jessé (1 Crônicas 10.13,14).
No dia do julgamento, nenhum astrólogo ou médium poderá salvar os seus seguidores
do inferno, e certamente eles mesmos serão condenados:
Continue, então, com suas palavras mágicas de encantamento e com suas
muitas feitiçarias, nas quais você tem se afadigado desde a infância. Talvez
você consiga, talvez provoque pavor. Todos os conselhos que você recebeu só
a deixaram extenuada! Deixe seus astrólogos se apresentarem, aqueles
fitadores de estrelas que fazem predições de mês a mês, que eles a salvem
daquilo que está vindo sobre você; sem dúvida eles são como restolho; o fogo
os consumirá. Eles não podem nem mesmo salvar-se do poder das chamas.
Aqui não existem brasas para aquecer ninguém; não há fogueira para a gente
sentar-se ao lado. Isso é tudo o que eles podem fazer por você, esses com
quem você se afadigou e com quem teve negócios escusos desde a infância.
Cada um deles prossegue em seu erro; não há ninguém que possa salvá-la
(Isaías 47.12-15).
Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e
libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo,
dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os
advirto, como antes já os adverti: Aqueles que praticam essas coisas não
herdarão o Reino de Deus (Gálatas 5.19-21).
Mas os covardes, os incrédulos, os depravados, os assassinos, os que cometem
imoralidade sexual, os que praticam feitiçaria, os idólatras e todos os
mentirosos — o lugar deles será no lago de fogo que arde com enxofre. Esta é
a segunda morte (Apocalipse 21.8).
Alguém que procura assistência ou conselho spiritual fora daquelas fontes aprovadas
pela Escritura torna-se uma prostituta espiritual, e comete adultério contra Deus. A
Bíblia reserva alguns dos termos mais fortes na condenação contra tais pessoas. Os
cristãos não têm por que se envolver com atividades espirituais extra-bíblicas, e
aqueles que participam delas tornam a sua profissão de fé questionável.
Isaías 8.19 diz: “Quando vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que
chilreiam e murmuram, acaso, não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos
se consultarão os mortos?”’ (ARA). Os cristãos por definição confiam tudo de suas
vidas a Deus e, portanto, o propósito de obter orientação é, antes de tudo, para
conformá-las à vontade dele. Por que, então, deveriam consultar os representantes de
Satanás sobre como ordenar as suas vidas em conformidade com a vontade de Deus?
Os cristãos devem obter orientação somente das fontes aprovadas pela Escritura.
Naturalmente, alguém pode buscar conhecimento a partir de líderes sábios da igreja,
mas até mesmo a autoridade e direção deles são legítimas somente até o ponto em que
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se derivam da Escritura. Assim, nesse próprio sentido real, a Escritura sozinha é
suficiente.
Pessoas cometem adultério espiritual não porque examinaram a revelação verbal de
Deus e a acharam inadequada; antes, nunca se esforçaram para ganhar a sabedoria
divina sobre o assunto em questão estudando a Escritura. Cristo é indubitavelmente
suficiente para tudo da vida, mas o apóstolo Pedro explica que é obtendo
conhecimento sobre as coisas de Deus que podemos andar nas provisões que ele nos
tem dado:
Graça e paz lhes sejam multiplicadas, pelo pleno conhecimento de Deus e de
Jesus, o nosso Senhor. Seu divino poder nos deu tudo de que necessitamos
para a vida e para a piedade, por meio do pleno conhecimento daquele que nos
chamou para a sua própria glória e virtude (2 Pedro 1.2,3).
Esse é o porquê de o estudo de teologia ser a atividade humana mais importante.
Contudo, por causa da preguiça e da impiedade suas, muitas pessoas preferem gastar o
tempo consultando fontes que são proibidas por Deus. O envolvimento com práticas
ocultas é razão adequada para excomunhão; negligência na disciplina da igreja só
permite que tais abominações aumentem e se espalhem.
A suficiência de Cristo, consequentemente, implica a exclusividade de Cristo. Isso
significa que Cristo é o único caminho para salvação, e que o Cristianismo é a única
religião ou cosmovisão verdadeira:
O SENHOR será rei de toda a terra. Naquele dia haverá um só SENHOR e o
seu nome será o único nome (Zacarias 14.9).
Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não
crer no nome do Filho Unigênito de Deus (João 3.18).
Respondeu Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao
Pai, a não ser por mim” (João 14.6).
Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro
nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos (Atos 4.12).
Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem
Cristo Jesus (1 Timóteo 2.5).
Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho de Deus, não tem a vida
(1 João 5.12).
Todos os outros líderes espirituais são indignos de adoração, e aqueles que aceitam ou
exigem adoração são mentirosos e fraudulentos. Todas as religiões e cosmovisões
não-cristãs são falsas, incluindo aquelas que retêm o nome de Cristianismo sem
sustentar a ortodoxia bíblica; todas elas levam à condenação eterna e castigo sem fim
no inferno.
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Jesus chamou a si mesmo de “o caminho” — não há muitos caminhos para Deus. Ele
se autodenomina “a verdade” — a verdade não é relativa ou mutável. Há somente um
ser eterno que é a verdade, e os escritores do Novo Testamento identificam Cristo
como esse logos, ou o eterno e imutável princípio de razão e ordem no universo (João
1.1; Colossenses 1.17; Hebreus 1.1-3, 13.8). Por conseguinte, Jesus chama a si mesmo
de “a vida” — todas as outras opções levam à morte e ao tormento eternos. Ninguém
pode rejeitar a Jesus Cristo e ao mesmo tempo encontrar Deus e a vida; fora dele só há
desespero, morte e condenação.
Jesus diz em Mateus 12.30: “Aquele que não está comigo, está contra mim; e aquele
que comigo não ajunta, espalha”. Qualquer religião ou cosmovisão que não afirme a
ortodoxia bíblica total é anticristã. Algumas religiões reivindicam elevar Jesus Cristo,
mas eles o admiram somente como um exemplo de moralidade ou iluminação mística.
Contudo, a fé bíblica demanda a afirmação e adoração do Cristo completo e nãoadulterado.
Isso acarreta crença em sua pré-existência e deidade, nascimento virginal,
encarnação e humanidade, vida e ministério terrenos, expiação através do sofrimento
e morte substitutivos e sua ressurreição física.
O Cristo da Escritura é Deus manifesto em carne humana. Ele é completamente Deus
e completamente homem. O apóstolo João testifica: “Aquele que é a Palavra tornou-se
carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai,
cheio de graça e de verdade” (João 1.14). Ele também nos dá uma advertência em 1
João 4:2,3:
Vocês podem reconhecer o Espírito de Deus deste modo: todo espírito que
confessa que Jesus Cristo veio em carne procede de Deus; mas todo espírito
que não confessa Jesus não procede de Deus. Esse é o espírito do anticristo,
acerca do qual vocês ouviram que está vindo, e agora já está no mundo.
O verdadeiro Cristo é o Jesus histórico de Nazaré. Paulo nos dá um resumo do
evangelho em 1 Coríntios 15.1-8, colocando grande ênfase sobre a natureza histórica
da obra redentora de Cristo.
Irmãos, quero lembrar-lhes o evangelho que lhes preguei, o qual vocês
receberam e no qual estão firmes. Por meio deste evangelho vocês são salvos,
desde que se apeguem firmemente à palavra que lhes preguei; caso contrário,
vocês têm crido em vão. Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que
recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi
sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a
Pedro e depois aos Doze. Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos
de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham
adormecido. Depois apareceu a Tiago e, então, a todos os apóstolos; depois
destes apareceu também a mim, como a um que nasceu fora de tempo.
A fé no Jesus histórico e na sua obra de é de “importância primária” (v. 3*). O
apóstolo declara que é “por meio deste evangelho [que] vocês são salvos”, e que
devemos nos “apegar firmemente” a ele. O Cristo bíblico não é uma figura mística ou
ideológica, mas a segunda pessoa do Deus Triúno manifestada no tempo e no espaço.
Sua morte, sepultamento, ressurreição e ascensão foram eventos históricos com
significância espiritual, e não simbólicos ou mitológicos. Pedro diz: “De fato, não
seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do
poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; ao contrário, nós fomos testemunhas
oculares da sua majestade” (2 Pedro 1.16).
Há várias religiões falsas nas quais Cristo é apresentado como pouco menos do que
um símbolo ideológico ou exemplo moral. Quando muito é ele reconhecido como um
verdadeiro profeta, mas não como Deus Filho. Mas qualquer religião que não afirme a
pessoa e obra de Cristo no sentido bíblico e histórico é do anticristo. Um Cristo
simbólico que não é nada mais do que uma idéia e privado de sua obra redentora
realizada na história não pode salvar a ninguém. Um Cristo que não é completamente
Deus e completamente homem não é o Cristo bíblico de forma alguma.
O verdadeiro cristianismo deve sustentar a supremacia e exclusividade de Cristo.
Contudo, os fundadores de algumas religiões não-cristãs declararam a si mesmos
como os últimos profetas da parte de Deus; eles declararam que substituíram a
autoridade de Cristo e que tiveram a autoridade de adicionar algo à revelação bíblica.
Embora alguns desses que vieram após Cristo reivindiquem, cada um deles, ser o
profeta final, outros se levantaram e declararam os anteriores como sendo obsoletos,
que agora eles é que eram as vozes autorizadas de Deus para a humanidade, e os
únicos verdadeiramente iluminados.
O estudante de apologética ou religião comparada deve honrar a Cristo examinando
os erros e contradições dentro desses falsos sistemas de pensamento, e aniquilar
totalmente suas pretensões de verdade. Todas as religiões falsas, tais como islamismo,
o mormonismo e budismo, facilmente se demonstram como sendo tolas e incoerentes.
Ora, Paulo diz o seguinte:
Esforço-me para que eles sejam fortalecidos em seu coração, estejam unidos
em amor e alcancem toda a riqueza do pleno entendimento, a fim de
conhecerem plenamente o mistério de Deus, a saber, Cristo. Nele estão
escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento... Pois foi do
agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude (Colossenses 2.2,3, 1.19).
Em Cristo estão “ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento”.
Certamente, isso tem quer ser verdadeiro se Jesus é o Deus onisciente. Cristo possui
toda sabedoria e conhecimento, e ele “se tornou sabedoria de Deus para nós” (1
Coríntios 1.30).
Nenhum profeta anterior podia reivindicar ter possuído “todos os tesouros da
sabedoria e do conhecimento” ou ter sido a encarnação de Deus. Como Hebreus 1.1-3
diz:
Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos
antepassados por meio dos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos por
meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de
quem fez o universo. O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão
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exata do seu ser, sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa. Depois
de ter realizado a purificação dos pecados, ele se assentou à direita da
Majestade nas alturas.
Deus falou através dos profetas no passado, mas agora ele havia falado através do seu
Filho, em quem estão “ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento”.
Ele é também aquele que criou e até agora sustenta o universo. Portanto, o Cristo
bíblico tem conhecimento exaustivo de todas as coisas.
Se toda sabedoria e conhecimento estão em Cristo, então, diferentemente dos profetas
que vieram antes dele, ele foi a revelação completa e final de Deus para a
humanidade. Visto que era a expressão completa de Deus (Hebreus 1.3), não há nada
mais que alguém após ele possa revelar, que já não esteja em Cristo. Tanto os profetas
antes de Cristo e os apóstolos depois proclamaram a ele como a revelação completa
de Deus, e nenhum escritor bíblico reivindicou suplantá-lo. Visto ser ele a expressão
ou revelação completa de Deus, não há ninguém após ele que possa por direito
pretender ser seu equivalente ou superior, nem que possa oferecer “revelações” que
contradigam, atualizem ou substituíam a revelação cristã na Escritura.
É estranho que muitos dos profetas que alegam substituir Cristo, ao mesmo tempo
tentaram honrá-lo como um verdadeiro profeta de Deus. Não obstante, essa pessoa a
quem reconhecem ter vindo de Deus também disse: “Quem me vê, vê o Pai” (João
14.9). Jesus era a revelação divina perfeita e completa porque era o próprio Deus.
Como então pode alguma vez existir um mensageiro ou revelação maior, mais atual e
relevante?
Se alguém admite que o cristianismo é verdadeiro, então deve confessar também que
todas as outras religiões e cosmovisões são falsas; de outra forma, ele não estaria
admitindo realmente sua veracidade, visto que a exclusividade é integral para ele. Se
ele afirma que o cristianismo é falso, então se distancia da cosmovisão cristã e assume
uma outra. Isso gera uma colisão de cosmovisões, dando ao cristão uma oportunidade
para aniquilar totalmente as crenças de seus oponentes em debate e para torná-lo um
exemplo público.
Ou alguém crê que o cristianismo é verdadeiro, ou crê que ele é falso. Se crê que o
cristianismo é verdadeiro, então todas as outras religiões e cosmovisões são falsas; se
crê que esse é falso, então ele deve derrotá-lo no campo de batalha da argumentação
racional. Alegar que o cristianismo é só parcialmente verdadeiro ou mesmo na sua
maior parte, é equivalente a dizer que ele é falso, visto o próprio cristianismo
reivindicar ser totalmente verdade em todo aspecto e detalhe.
Está popular dizer que há alguma verdade em toda religião, que não se deve afirmar
sua própria religião pela exclusão total das outras, e que se tem sempre que respeitar a
religião alheia. Mas esse é um ato de covarde transigência. Que até mesmo alguns
cristãos professos considerem isso uma opção legítima reflete o seu comprometimento
fraco ou inexistente para com Cristo e as faltas de ensinamento bíblico adequado e de
disciplina na igreja.
Se uma cosmovisão religiosa é uma revelação divina, então nenhum aspecto do
sistema pode ser falso ou irrelevante. Deus não revela falsidade, e se o fizesse, seria
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impossível para alguém distingui-la da verdade. Se uma dada cosmovisão consiste
tanto de proposições verdadeiras como de falsas, ninguém seria capaz de distinguir as
primeiras das segundas baseando-se nessa própria cosmovisão.
Se alguém distingue o que é verdadeiro do que é falso numa determinada cosmovisão,
isso necessariamente implica que ele está pressupondo outra cosmovisão como seu
padrão de verdade, a qual ele sabe ou admite ser totalmente correto, pela qual ele está
agora avaliação a outra cosmovisão em questão. Ele deve presumir seu padrão de
verdade como tal, visto que de outra forma ele não seria capaz de avaliar se diferentes
aspectos de outra cosmovisão são verdadeiros ou falsos. Sendo esse o caso, ele não
estaria aprendendo algo da cosmovisão que está sob escrutínio, visto que já adotou
uma que ele supõe como sendo inteiramente verdadeira.
Por exemplo, alguém que testa uma reivindicação de verdade com o “método
científico” pressupõe uma cosmovisão na qual tal método para testar reivindicações
de verdade é admitido como confiável. Mas, se a cosmovisão baseada na qual ele faz
essa suposição não é totalmente verdadeira, então ele não pode, antes de tudo, saber se
o método científico é confiável. Portanto, uma cosmovisão que é apenas parcialmente
verdadeira também é uma cosmovisão inútil; ela descamba logicamente para o
ceticismo epistemológico completo, de forma que nenhum conhecimento é possível
em hipótese alguma.
A reivindicação cristã é que toda a Bíblia é verdadeira, e se toda a sabedoria e
conhecimento estão em Cristo, então tudo o que é verdade nas outras religiões e
cosmovisões foi roubado do cristianismo. Se os não-cristãos alegarem então que tal
informação vem da própria cosmovisão deles, eles se tornam plagiários e hipócritas,
mesmo se partindo de uma perspectiva humana. Mas isso é muito mais sério da
perspectiva divina:
Portanto, a ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça
dos homens que suprimem a verdade pela injustiça, pois o que de Deus se
pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou... Porque,
tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam
graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato
deles obscureceu-se. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos (Romanos
1.18,19, 21,22).
Paulo afirma que todos os seres humanos tem um conhecimento inato e inescapável
do Deus cristão, mas os não-cristãos recusam reconhecê-lo. Eles não o glorificam ou o
agradecem como Deus e criador. Pelo contrário, eles pervertem seus conhecimento e
tendências inatos, resultando em idolatria. Então, creditam qualquer coisa que seja
verdadeira no sistema de pensamento deles aos ídolos que adoram. Romanos 1.25 diz:
“Eles trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres
criados, em lugar do Criador”. Essa condenação se aplica igualmente aos cientistas
não-cristãos, bem como aos budistas e aos mórmons.
Portanto, dizer que as religiões e cosmovisões não-cristãs possuem alguma verdade
serve apenas para condená-los, e não faz nada para apoiar a credibilidade ou utilidade
delas de forma alguma. Todavia, o reconhecimento de que as falsas religiões têm algo
de verdadeiro a dizer não implica que devemos respeitá-las, mas somente quer dizer
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que nós os pegamos “em flagrante” no crime de roubo espiritual contra Deus. Eles
receberam dele e, todavia, o negam.
Não estamos dizendo que Deus se revela de uma forma limitada pelas religiões nãocristãs,
enquanto o faz mais plena e verdadeiramente através da cristã. Antes, estamos
dizendo que ele não se revela por meio de nenhuma religião ou cosmovisão nãocristã,
de forma alguma. Cada pessoa nasce com um conhecimento inato do Deus
cristão mas, desafiando a ele, os não-cristãos suprimem esse conhecimento e
constroem suas próprias cosmovisões baseadas sobre premissas não-cristãs. Contudo,
eles não podem suprimir completamente todos os traços da verdade cristã e, assim,
vemos que todas as religiões e cosmovisões não-cristãs se apropriam de princípios
cristãos que são impossíveis de se justificarem sobre a base de premissas não-cristãs.
Isto é, os princípios cristãos nas suas religiões e cosmovisões não podem ser
deduzidos de seus princípios primeiros não-cristãos. Logo, qualquer “verdade” nelas é
evidência de engano e impiedade, e não de genuína orientação divina.
Eles erigem seus “bezerros de ouro” e declaram em alta voz: “Eis aí os seus deuses, ó
Israel, que tiraram vocês do Egito!” (Êxodo 32.4)! Entretanto, Deus disse: “Eu sou o
Senhor; este é o meu nome! Não darei a outro a minha glória nem a imagens o meu
louvor” (Isaías 42.8). Em vez de dar a glória devida ao Deus da Bíblia cristã,
suprimem o seu conhecimento desse Deus verdadeiro e, no lugar desse, dão glória aos
ídolos. Portanto, adeptos de religiões e cosmovisões não-cristãs são “indesculpáveis”
(Romanos 1.20).
Deus “faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos”
(Mateus 5.45). Um idólatra não consegue dar a glória a quem ela é devida, visto que
ele não recebe chuva e outras provisões de seu ídolo, mas do Deus cristão. Embora
esse tenha lhe dado um conhecimento inato com respeito a si mesmo, a pessoa
suprime a verdade por causa de sua impiedade (Romanos 1.18), e prefere honrar um
ídolo em vez disso (Romanos 1.21). Da mesma forma, um ateu recebe chuva e outras
provisões de Deus mas, em vez disso,credita-as às causas naturais. Por essa razão, a
ira divina está derramada sobre todos os não-cristãos.
Se Cristo possui toda sabedoria e conhecimento, então o fato de que qualquer nãocristão
pode saber que 1 + 1 = 2 significa que Cristo, que é “a verdadeira luz, que
ilumina todos os homens” (João 1.9), lhe deu esse conhecimento. Esse não se origina
ou reside em sua religião ou cosmovisão não-cristãs, mas é uma parte integral do
sistema cristão. Se não dá graças ao Deus cristão por esse conhecimento, então está
cometendo roubo espiritual e intelectual ao falhar em dar o crédito à fonte apropriada
de seu conhecimento.
Por outro lado, os cristãos recebem conhecimento livremente daquele a quem eles
adoram: “É, porém, por iniciativa dele [de Deus] que vocês estão em Cristo Jesus, o
qual se tornou sabedoria de Deus para nós” (1 Coríntios 1.30). Visto que Cristo tem
um monopólio sobre a verdade, qualquer pessoa que conhece algo, seja o que for,
deve seu conhecimento a Cristo, e um fracasso em adorá-lo e dar-lhe graças é um
pecado que merece o castigo derradeiro.
Portanto, segue-se que é pecaminoso para os cristãos dizerem que podem aprender
algo das religiões e cosmovisões não-cristãs. Suponha que uma religião não-cristã
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tenha dentro de si um pedaço de informação verdadeira. A partir de nossa premissa
que Cristo é o possuidor de toda sabedoria e conhecimento, esse pedaço de
informação deve necessariamente ser uma verdade “cristã” que essa outra religião
furtou e, portanto, é primeiro uma parte da revelação cristã. Tentar aprender uma
verdade cristã a partir de uma fonte não-cristã é irreverente e tolo. Somente a
revelação bíblica apresenta a verdade sem mistura ou distorção.
Voltando a uma questão mencionada anteriormente, se um sistema religioso é apenas
parcialmente, mas não inteiramente verdadeiro, seria impossível distinguir o
verdadeiro do falso sobre a base dessa própria religião. Os cristãos que dizem que
outras religiões contêm algumas verdades são capazes de reconhecer a essas pelo que
elas são, precisamente porque eles já as aprenderam a partir da cosmovisão cristã, a
qual eles afirmam ser inteiramente verdadeira; de outra forma, não há forma de dizer
o verdadeiro e o falso.
Suponha um determinado sistema de pensamento que inclua as seguintes proposições:
(1) X é um homem, e (2) X é um contador. Se na realidade (1) é verdade, mas (2) é
falso, como alguém afirmará (1) e negará (2), a menos que ele já conheça X? A menos
que uma determinada cosmovisão A seja verdadeira em sua inteireza, não há forma
alguma de dizer qual proposição é verdadeira sem introduzir o conhecimento obtido
fora do sistema, tal como uma determinada cosmovisão B, em cujo caso o sistema na
questão (A) seria avaliado pelo sistema a partir do qual a pessoa obteve o dito
conhecimento introduzido (B). Mas se alguém já obteve esse conhecimento a partir de
outro sistema de pensamento (B), como ele está aprendendo a partir desse sistema em
questão (A)? Ele está julgando-o, não aprendendo a partir dele.
Não há nada para aprender a partir de uma religião ou cosmovisão que não seja
inteiramente verdadeira. Alguém pode aprender somente a partir de um sistema de
pensamento se o mesmo for verdadeiro em sua inteireza, e então pode usar o
conhecimento adquirido para avaliar outro sistema não inteiramente verdadeiro, mas
não aprender dele. Dizer que uma determinada religião ou cosmovisão possui
“alguma verdade” é, pois, condená-la como inapropriada para crença, e não louvá-la
ou honrá-la em hipótese nenhuma.
Não há nada verdadeiro que alguma religião ou cosmovisão não-cristã possa ensinar
que não seja primeiramente uma parte do sistema cristão. Toda informação verdadeira
e conhecível já está declarada ou subentendida na cosmovisão cristã; qualquer
informação verdadeira não declarada ou subentendida pela revelação bíblica é
incognoscível. Dizer outra coisa seria negar nossa premissa básica de que toda
sabedoria e conhecimento estão em Cristo, em cuja caso podemos questionar, antes de
tudo, se a pessoa que está fazendo a negação é um cristão.
Portanto, eu concluo que não há nada que os cristãos possam aprender dos nãocristãos
que já não esteja incluído ou subentendido na cosmovisão cristã, só que a
Bíblia revela essas verdades sem impureza ou mistura, e de um modo que é completo
e coerente. Para mim, dizer que outras religiões têm “alguma verdade” é insultá-las —
eu estou pressupondo que os profetas delas são ladrões ímpios, certamente não dignos
da confiança e do respeito de ninguém.
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Paulo diz: “A intenção dessa graça era que agora, mediante a igreja, a multiforme
sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos poderes e autoridades nas regiões
celestiais” (Efésios 3.10). Deus pretende que a igreja o glorifique manifestando sua
sabedoria no contexto da proclamação de uma mensagem exclusiva. Ele certamente
não tencionou que a igreja louvasse religiões e cosmovisões não-cristãs pela sabedoria
e conhecimento que elas têm roubado de nós, e menos ainda que a igreja afirmasse a
falsidade nas outras religiões e cosmovisões como verdades. As religiões e
cosmovisões não-cristãs podem conter diversas proposições verdadeiras — sempre
suficientes para fazê-las culpadas, mas nunca para tornar a salvação possível.
A mesma crítica contra as religiões não-cristãs se aplicam às cosmovisões que
reivindicam ser não-religiosas. Por exemplo, os cristãos não podem aprender nada a
partir da cosmovisão ateísta, a menos que o ateísmo seja verdadeiro sem sua inteireza.
O ateu não pode conhecer nada, de forma alguma, se não for por Cristo, o logos, que
facilita o conhecimento e a comunicação entre os homens. Não há nada na
cosmovisão não-cristã que possa oferecer alguma verdade ao cristão que já não esteja
na cosmovisão cristã.
Por exemplo, um cristão pode obter um gole de água de um ateu, que a tem para
oferecer através da coleta de chuva. Mas a chuva não vem de, e não pode ser
definitivamente explicada por nada inerente à cosmovisão ateísta; antes, a chuva vem
do Deus cristão. A diferença é que o cristão dá graças a Deus pela água, mas o ateu
não, e não consegue reconhecer o verdadeiro Deus que é a fonte última da chuva; o
ateu peca e compromete sua alma à condenação eterna.
Da mesma forma, um estudante cristão pode aprender que 1 + 1 = 2 a partir de um
tutor ateu, mas esse pedaço de informação pertence a Cristo, que tem toda sabedoria e
conhecimento. O ateu está simplesmente ensinando ao cristão algo que é inerente à
cosmovisão cristã, que ele aprendeu de Cristo, o logos, sem dar as devidas graças a
Deus. Por outro lado, o cristão reconhece que todo conhecimento pertence a Cristo, e
dá graças a Deus por esse pedaço de informação.
Para falar em termos de proposições, todas as proposições verdadeiras são, na
verdade, proposições cristãs — elas são a propriedade de Cristo; portanto, são muito
mais apropriada e corretamente expressas dentro do contexto da cosmovisão cristã.
Assim, dizer que os cristãos podem, de fato, aprender o verdadeiro conhecimento a
partir dos não-cristãos, tal como 1 + 1 = 2, não significa que é desejável assim o fazer,
visto que algum grau de distorção e limitação inevitavelmente ocorrerá por causa das
pressuposições não-cristãs daqueles que ensinam.
Até mesmo o conhecimento que é aparentemente não-religioso em natureza é mais
bem expresso e ensinado dentro de um contexto explicitamente cristão. Por exemplo,
se Deus é o governador e planejador da história, então um livro-texto sobre as
civilizações ocidentais que deixa de mencionar a providência divina não é um bom
texto de história de forma alguma, visto que negligencia o próprio fator que determina
todos os eventos e progressos históricos. Se o que a Escritura diz sobre a criação é
verdade, então “No princípio Deus criou os céus e a terra” (Gênesis 1.1) é uma
explicação superior para a existência do universo do que qualquer sistema sofisticado
de cosmologia que falhe em reconhecê-lo como a causa primeira e sustentadora de
148
tudo o que existe (Colossenses 1.17; Hebreus 1.3). Coisas similares podem ser ditas
nos campos de economia, literatura, música e até mesmo esporte.
Aquele que insiste em pensar independentemente das proposições bíblicas reveladas
por Deus, deve refutar a cosmovisão desafiadora apresentada pelo sistema cristão. Se
todas as coisas foram criadas e são agora sustentadas pelo divino logos, Jesus Cristo,
então o próprio pensamento não tem justificação última sem primeiro se pressupor a
cosmovisão cristã. O raciocínio não pode nem mesmo ser inteligível sem a existência
de uma mente eterna, onipotente, onisciente e racional, de quem nós, que somos feito
à imagem divina, e, assim, modelados segundo a mente dele, recebemos as leis da
lógica e da gramática. O não-cristão deve mostrar baseado em sua cosmovisão, sem
tomar emprestadas pressuposições cristãs, que as leis da lógica não são regras
arbitrárias nem meras convenções; de outra maneira, qualquer argumento que ele faça
pode ser descartado enquanto baseado sobre regras arbitrárias ou meras convenções.
Não conseguindo sobrepujar tal obstáculo, o não-cristão não pode nem mesmo
debater com o cristão sobre nenhum assunto antes de pressupor a cosmovisão cristã
inteira.
Os incrédulos freqüentemente acusam a exclusividade dos cristãos como indicando
uma falta de amor para com as pessoas. Contudo, a Bíblia ensina que o verdadeiro
amor “não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade” (1 Coríntios 13.6).
Os cristãos não estão sob obrigação alguma de permitir aos não-cristãos que definam
para nós o significado de amor.
O covarde intelectual que não pode refutar a cosmovisão bíblica diz que os cristãos
têm mente estreita, são cheios de ódio e santarrões. Mas nós rejeitamos todas as
religiões e cosmovisões não-cristãs por serem falsas. Uma “abertura” que aceitasse a
mentira tão rapidamente quanto assente à verdade denuncia uma mente estúpida,
depravada e distorcida, e não um sinal de acuidade intelectual ou progresso moral. Os
cristãos que ousadamente condenam todas as religiões e cosmovisões não-cristãs por
falsas não o fazem porque sejam santarrões, mas porque crêem na verdade ao invés da
mentira, e por não serem estúpidos.
Portanto, submetamo-nos às seguintes declarações apostólicas:
Se alguém não ama o Senhor, seja amaldiçoado. Vem, Senhor! (1 Coríntios
16.22).
Mas ainda que nós ou um anjo dos céus pregue um evangelho diferente
daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado! Como já dissemos, agora
repito: Se alguém lhes anuncia um evangelho diferente daquele que já
receberam, que seja amaldiçoado! (Gálatas 1.8,9).
Que assim seja. Que seja eternamente condenado qualquer pessoa que advogue uma
religião ou cosmovisão que discorde do cristianismo bíblico.
Devemos insistir no fato de que somente o cristianismo é verdadeiro e que todas as
religiões e cosmovisões não-cristãs são falsas, pois essa crença é uma parte integral e
necessária do cristianismo bíblico, e aqueles que afirmam ser cristão não têm a opção
de rejeitá-la. Como cristãos, devemos nos gloriar na natureza exclusive da nossa fé ao
149
invés de nos envergonharmos dela. A questão não é se alguém acha a afirmação
emocionalmente satisfatória, embora devamos achá-lo, mas se é objetivamente
verdadeiro que Cristo, e, portanto, o cristianismo, é o único detentor da verdade, e que
quaisquer pretensas verdades em outras religiões e cosmovisões não são nada mais do
que mercadorias roubadas e evidência da culpa delas.
A própria Bíblia reivindica um status exclusivo, e nenhum epíteto contra o cristão,
dizendo que está defendendo o ódio e o fanatismo, pode mudar a verdade dessa
reivindicação. Qualquer pessoa que rejeite a reivindicação cristã de exclusividade
deve estar pronta para confrontar a cosmovisão cristã com sua própria não-cristã.
Aqueles cristãos professos que se opõem à total exclusividade e superioridade do
cristianismo devem reconhecer que rejeitaram a infalibilidade bíblica, que repudiaram
a autoridade de Cristo, dos profetas e dos apóstolos e, assim, que não têm fundamento
bíblico algum para que se autodenominem cristãos.
Se o cristianismo ousa se declarar como tendo monopólio sobre a verdade e espera
que os outros cedam, então é apenas de direito que ele deva demonstrar sua
superioridade quando assaltado por outras cosmovisões. Todavia, seria
intelectualmente desonesto e moralmente desprezível para o não-cristão permanecer
resistindo à cosmovisão cristã, incluindo sua reivindicação de exclusividade, após o
cristão ter triunfado em argumentação.
Em conexão com isso, a igreja em geral está em falta por não fornecer aos crentes um
treinamento melhor em apologética, de forma que muitos deles têm sucumbido
covardemente ao apelo dos incrédulos para praticar a “tolerância” e, assim, cessado de
confrontar as falsas religiões e cosmovisões abraçadas por aqueles. Embora os
cristãos devam ser corteses para com os incrédulos num nível social, aqueles que são
simpáticos para com os não-cristãos num nível teológico ou ideológico, cometem
traição contra Cristo e seu reino.
Colossenses 2.9,10 diz: “Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da
divindade, e, por estarem nele, que é o Cabeça de todo poder e autoridade, vocês
receberam a plenitude”. Se “toda a plenitude da divindade” está em Jesus Cristo,
nenhum profeta subseqüente pode ser maior do que ele, pois não há nada deixado para
ser revelado por outro profeta que já não o tenha sido por Cristo, e aqueles que
afirmam ter tal revelação adicional, devem ser falsos profetas. Cristo é “o Cabeça de
todo poder e autoridade”, e ninguém que veio após ele pode substituí-lo. Se temos
“recebido a plenitude em Cristo”, o qual, por sua vez, tem “toda a plenitude da
divindade”, então não há nada para se aprender a partir de religiões e cosmovisões
não-cristãs. Se Cristo não é meramente um mensageiro ou uma manifestação de Deus,
mas ele próprio, nenhum profeta pode alterar, atualizar, contradizer ou adicionar algo
à revelação cristã. Aqueles que o fazem são impostores e mentirosos.
Alguém pode pensar que esse tipo de linguagem é, com certeza, demasiadamente
severa e indelicada; contudo, a Bíblia fala de incrédulos como brutos, víboras, cães,
porcos, tolos, hipócritas, sepulcros caiados e filhos do diabo. Não usamos palavras
desagradáveis por amargura, ira ou descortesia, mas como uma tentativa de dar
descrições adequadas da estupidez e depravação da incredulidade. Além do que, não
afirmamos que os não-cristãos devam permanecer como estão. Aqueles dentre nós
que foram salvos, “também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa
150
carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza
merecedores da ira” (Efésios 2.3). Contudo, “pelo grande amor com que nos amou,
deu-nos vida com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões pela graça
vocês são salvos” (v. 4,5). Não nos gloriamos e nem triunfamos sobre os fracassos dos
não-cristãos por causa de algumas qualidades superiores inerentes em nós mesmos,
mas “quem se gloriar, glorie-se no Senhor” (1 Coríntios 1.31). E mesmo agora, não
podemos fazer nada aparte de Cristo (João 15.5).
Os cristãos que professam fé em Cristo devem entender a quem e pelo que eles se
comprometeram. Aqueles que se chamam de cristãos e que, ao mesmo tempo,
experimentam grande dificuldade com as reivindicações bíblicas de exclusividade
deveriam examinar a si mesmos para ver se são cristãos autênticos (2 Coríntios 13.5),
ou se compreenderam mui erroneamente a mensagem do evangelho e, portanto,
experimentaram falsas conversões. Muitas pessoas aceitaram uma versão diluída e
distorcida do cristianismo, pessoas essas que rejeitariam imediatamente uma
apresentação correta do cristianismo bíblico se essa lhes houvesse sido apresentada na
ocasião.
Se eles entendem a verdadeira natureza do cristianismo como uma religião e
cosmovisão exclusivas, mas continuam a negar a supremacia e autoridade exclusiva
de Cristo, repudiando assim a fé cristã, então por qual definição eles são cristãos
genuínos? Em que sentido pode alguém ser um cristão se declara que Cristo pode ser
somente uma opção entre muitas, e que suas próprias reivindicações de autoridade e
verdade exclusiva estão equivocadas (Mateus 28.18; João 14.6)? Em que sentido uma
pessoa que conscientemente contradiz os apóstolos Pedro e Paulo (Atos 4.12; 1
Timóteo 2.5) pode ser cristã? Ela falsamente chama sua fé de “cristianismo”, visto
que desafia declarações bíblicas sobre um assunto dos mais importantes.
Devemos confrontar os cristãos professos indecisos dentro da igreja, de forma que
devam escolher de uma vez por todas a quem eles servirão (Josué 24.15), e parem de
ter uma mente dúbia ou de “oscilar para um lado e para o outro” (1.º Reis 18.21). Se o
cristianismo é verdadeiro, então todas as religiões e cosmovisões não-cristãos são
falsas; se qualquer outra religião ou cosmovisão é verdadeira, então o cristianismo não
pode ser ao mesmo tempo verdadeiro.
Muitos cristãos condenam prontamente o roubo, o adultério e o assassinato, com uma
posição aparentemente inamovível e não passível de transigência. Contudo, ao mesmo
tempo fomentam um tipo de diálogo de não-confrontação com religiões e
cosmovisões não-cristãs que denuncia uma atitude de ver a idolatria como não sendo
tão ímpia como o são os pecados. Isso revela que seu padrão ético é, antes de tudo,
mais humanístico do que bíblico, mas antropocêntrico do que teocêntrico. Ficam
horrorizados com os crimes violentos, mas consideram o ateísmo e a idolatria com
uma bondade e empatia humanísticas.
Contudo, a falsa adoração é um pecado muito maior do que o assassinato ou estupro.
Jesus diz que “o primeiro e maior mandamento” é “Ame o Senhor, o seu Deus de
todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento” (Mateus
22.37,38), enquanto amar seus companheiros seres humanos é designado como o
segundo mandamento (v. 39). Logo, é contra o padrão bíblico de ética lamentar
crimes contra a humanidade mais do que pecados contra o único Deus verdadeiro.
151
Minha preocupação é se cristãos consideram o ateísmo e a idolatria como sendo os
mais sérios dos pecados, ou se podem ignorar os quatro primeiros mandamentos do
Decálogo enquanto que obedecem ao restante. Estou convencido de que a atitude
indiferente e acomodada de muitos cristãos para com os pecados do ateísmo e da
idolatria deixa de refletir a denúncia extrema da Escritura contra eles. E, na medida
em que nossos pensamentos discordam dos pensamentos de Deus, pecamos contra ele,
fazendo-o um mentiroso.
Temos de apelar aos cristãos para que se decidam, pois se professam a Jesus Cristo
como Senhor, devem renunciar permanentemente a suas predisposições de idolatria e
sincretismo, e defender que o conhecimento da salvação é encontrado na Escritura
somente, que a obra redentora de Deus é apropriada apenas através de Cristo, e que
essa só é aplicada ao indivíduo pela fé.
Quem rejeita a noção de que uma religião ou cosmovisão possa ser exclusivamente
verdadeira já está praticamente exclusividade ao dizer que é exclusivamente verdade
que nenhuma religião pode fazer reivindicações exclusivas. Todas as religiões
exclusivas devem ser excluídas de aceitação. O apelo à tolerância ou para sermos
inclusivos em nossa teologia é freqüentemente uma escusa para evitar tratar com
varias e irreconciliáveis contradições entre as cosmovisões. O não-cristão deveria
parar de ser um covarde intelectual, encarar a realidade, e admitir que por causa
dessas reivindicações contraditórias, nem toda cosmovisão pode ser verdadeira.
O que dá aos incrédulos o direito de serem intolerantes para com as nossas
reivindicações exclusivas, antes de mais nada? Se eles são verdadeiramente tolerantes,
por que eles não toleram nossos ataques e não se defendem como resposta? Mas eles
se defendem sim, veementemente atacando o cristianismo, mas não atacam alvos
fáceis, tais como o islamismo ou budismo com freqüência, se é que alguma vez o
fazem. Não obstante, essas outras religiões também fazem fortes reivindicações
exclusivas. É apenas um caso de ignorância no estudo das religiões, ou é um caso de
preconceito seletivo equivalente a uma conspiração satânica contra a verdadeira fé?
Por que os incrédulos focalizam seus esforços no ataque ao cristianismo? Várias
coisas podem se passar em suas mentes distorcidas e depravadas, mas há duas
possibilidades óbvias. Primeiro, somente a cosmovisão cristão se coloca como uma
ameaça para eles, de um ponto de vista intelectual. Segundo, na realidade há apenas
dois grupos de pessoas no mundo — cristãos e não-cristãos (Gênesis 3.15). Jesus diz:
“Aquele que não está comigo, está contra mim” (Mateus 12.30). Do ponto de vista de
Deus, todos os não-cristãos estão do mesmo lado, quer sejam eles ateus, budistas ou
mórmons. Trata-se, definitivamente, de um caso da verdade única contra uma
variedade de falsidades, e não de várias cosmovisões dignas competindo por domínio.
Há aqueles que dizem que a intolerância intelectual e ideológica resulta de ignorância;
contudo, esses próprios indivíduos rejeitam certas proposições baseados no que eles
alegam ser conhecimento, não ignorância. Por exemplo, rejeitam a idéia de que a terra
é chata devido ao conhecimento que afirmam ter. Por conseguinte, a intolerância
intelectual e ideológica é amiúde uma reivindicação de conhecimento. Podemos
argumento sobre se esse conhecimento alegado é verdadeiro, mas o próprio ato de
debate pressupõe que cada um considera os outros como estando errados, e que cada
152
um está disposto a expor os erros dos outros. Por outro lado, a tolerância é uma marca
de ignorância — alguém que não sabe o que é verdade ou falso não tem base sobre a
qual rejeitar qualquer idéia ou crença.
Jamais devemos tolerar a falsidade, mas sim expô-la e destruí-la. Todavia, não
fazemos isso através de violência física, mas por irrestrita e sem piedade atitude
intelectual no diálogo e na argumentação racional. Como Paulo diz:
As armas com as quais lutamos não são humanas; ao contrário, são poderosas
em Deus para destruir fortalezas. Destruímos argumentos e toda pretensão que
se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento,
para torná-lo obediente a Cristo (2 Coríntios 10.4,5).
A honestidade e a coragem exigem que promovamos o confronto das cosmovisões em
debate privado e publico, e que decidamos de antemão que aquelas que não podem
suportar o escrutínio intenso devem ser abandonadas como sendo falsas. O
cristianismo será a única [cosmovisão] que permanecerá de pé quando a poeira se
assentar.

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