CONVERTIDOS

CONVERTIDOS

Após Deus tê-lo regenerado, o indivíduo eleito agora “vê” a verdade do evangelho e
responde ao chamado eficaz passando pela CONVERSÃO, a qual consiste de
arrependimento e fé. A mensagem de Jesus para o povo era: “Arrependam-se e creiam
nas boas novas!” (Marcos 1.15). E repreendeu “os chefes dos sacerdotes e os líderes
religiosos do povo”, pois eles “não se arrependeram nem creram” (Mateus 21.23,32)
sob o ministério de João Batista.
A palavra “conversão” significa um voltar-se, e inclui tanto os conceitos de
arrependimento quanto de fé. Arrependimento é a parte da conversão na qual uma
pessoa se volta do pecado, enquanto a fé se dá quando ela se volta a Cristo para
salvação. A conexão estreita entre arrependimento e fé é também indicada em
Hebreus 6.1, onde se fala que os “ensinos elementares a respeito de Cristo” consistem
de “arrependimento de atos que conduzem à morte, da fé em Deus”. O escritor chama
a isso o “fundamento” ou começo da vida cristã.
No ARREPENDIMENTO, o pecador primeiro chega a uma verdadeira percepção
intelectual de sua condição pecaminosa. Visto que Deus já o regenerou, ele acha sua
condição repugnante e fica determinado a se voltar tanto do estilo de vida que
consistia de pecados quanto de atos individuais pecaminosos.
O arrependimento é de volição e não de emoção. Ainda que muita emoção possa às
vezes acompanhar a mudança da mente, não é um elemento necessário ou definidor.
Naturalmente, um estado mental que consista de nada mais que uma excitação
emocional sobre os próprios pecados e faltas sem um ato de volição de dar as costas a
isso não constituir arrependimento e, por conseguinte, não resultará em fé e
justificação.
A conversão não resulta apenas em uma mudança negativa, na qual alguém se volta
dos ídolos, mas Paulo afirma que o indivíduo eleito também o faz “a fim de servir ao
Deus vivo e verdadeiro” (1 Tessalonicenses 1.9). Além disso, um sistema definido de
teologia é acrescentado ao pensamento da pessoa, substituindo a antiga cosmovisão
não bíblica. Esse é o aspecto da conversão que chamamos FÉ.
Muitos teólogos sugerem que a fé consiste de três elementos: conhecimento,
assentimento e confiança. Mas os textos a seguir mostrarão que a fé só consiste dos
dois primeiros, e que a última é apenas um atalho para assentimento.
CONHECIMENTO alude à retenção e compreensão intelectual de proposições
verdadeiras. Isso é um elemento necessário da fé, visto que é impossível crer em
alguma coisa sem conhecê-la. Se não se sabe o que X representa, não posso responder
a questão, “Você crê em X?” A fé é impossível sem o conhecimento.
Deus concede conhecimento a um indivíduo como o primeiro elemento da fé
salvífica, habitualmente pela pregação ou apresentação do evangelho. Como escreve o
apóstolo Paulo, “Como poderiam crer naquele que não ouviram? E como poderiam
ouvir sem pregador?” (Romanos 10.14, Bíblia de Jerusalém). O conhecimento
também implica entendimento nesse caso. Assim como é impossível crer em X
enquanto ele permanecer indefinido, não se pode crer em algo enquanto a definição
não é compreendida. Visto que o evangelho é sempre apresentado de forma
proposicional, o conhecimento e o entendimento necessários para a fé aludem à
retenção e compreensão mentais do sentido das afirmações verbais apresentadas.
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ASSENTIMENTO é concordância com as proposições entendidas. Embora qualquer um
possa obter algum entendimento da mensagem evangélica, nem todos consentirão que
ela seja verdadeira. É fácil para alguém explicar a um outro a reivindicação
escriturística da ressurreição de Cristo, mas se o ouvinte vai concordar que tenha ela
realmente ocorrido é outra questão. Como mencionado, a disposição maligna da
mente não regenerada impede uma pessoa de aquiescer ao evangelho
independentemente da capacidade de persuasão do pregador. Logo, deve ela
primeiramente ser regenerada por Deus, de modo a obter uma nova disposição
favorável ao evangelho, após o que prontamente assentirá a esse.
Visto que muitos teólogos pensam que os não-eleitos podem verdadeiramente assentir
ao evangelho sem “confiança pessoal” em Cristo, também advogam que o
conhecimento e o assentimento não são suficientes para salvar. Deve-se acrescentar a
esses dois o terceiro elemento da CONFIANÇA, a qual definem como uma segurança
pessoal e relacional sobre a pessoa de Cristo. Dizem que, ainda que os objetos do
conhecimento e do assentimento sejam proposições, o objeto da confiança deve ser
uma pessoa, a saber, Cristo. Ou seja, a fé salvífica crê em Cristo como uma pessoa, e
não como um conjunto de proposições.
Embora nem todos os teólogos distingam a fé entre esses três elementos, muitos deles
a definem de forma tal que significa alegar que a fé salvífica deve se mover do
intelectual para o relacional, do proposicional para o pessoal, e do assentimento para a
confiança. Para eles, assentimento corresponde a uma fé “crer que”, ao passo que a
confiança é uma fé “crer em”. O primeiro crê que certas coisas acerca de Cristo são
verdadeiras, mas a segunda vai além, e crê na pessoa de Cristo. Fé é crença em uma
pessoa, não em certos fatos sobre a pessoa. Eles apontam para passagens em que há
exigência de uma fé para crer no evangelho. Por exemplo, Atos 16.31, que diz: “Creia
no Senhor Jesus, e serão salvos”, e 1 João 3.23: “E este é o seu mandamento: Que
creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo”.
Entretanto, há razões conclusivas para rejeitar tal distinção entre assentimento e
confiança, para afirmar que a fé consiste apenas de conhecimento e assentimento.
Em primeiro lugar, a Bíblia não emprega exclusivamente o tipo de linguagem “crer
em” ao se referir à fé. Por exemplo, Hebreus 11.6 diz que “sem fé é impossível
agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que
recompensa aqueles que o buscam”. O versículo exige que alguém que venha a Deus
deve assentir a duas proposições. Ele deve crer que (1) “Deus existe”, e que (2) “Deus
recompensa aqueles que o buscam”. O escritor diz que tal fé pode “agradar a Deus”, e
que “foi por meio dela que os antigos receberam bom testemunho” (v.2).
Em segundo lugar, o Novo Testamento indica que crer em Cristo quer dizer crer que
certas proposições são verdadeiras:
Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu
pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, [que] foi sepultado e [que]
ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras, e [que] apareceu a Pedro e
depois aos Doze. (1 Coríntios 15.3-5)
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Em terceiro lugar, podemos demonstrar com uma análise de linguagem que crer em
(ou “confiar” em) uma pessoa é simplesmente uma simplificação para crer que (ou
“assentir” a) certas proposições a respeito dele são verdadeiras.
Por exemplo, há duas maneiras de se compreender a questão “você crê no diabo?” A
questão pode, ou estar perguntando se alguém crê que o diabo existe, ou se ele crê que
o diabo seja digno de adoração36. Isto é, a questão faz supor uma entre duas
proposições, e pede ao ouvinte para afirmá-la ou negá-la. Um cristão afirmaria a
primeira e negaria a segunda. Entretanto, a menos que o contexto da conversão
demonstre o significado da questão, ou que o ouvinte tenha uma suposição quanto ao
sentido da questão caso o contexto não o forneça, é impossível dizer qual das duas
proposições está sendo perguntada para que o ouvinte a afirme ou negue.
Se D = “o diabo”, e = “existe”, e d = “digno de adoração”, então “eu creio em D”
pode significar tanto “eu creio que De” ou “eu creio que Dd”. De ambos os jeitos, “eu
creio em D” pode representar qualquer das duas afirmações “crer que”, e assim não é
nada mais do que uma simplificação para uma delas.
Do mesmo modo, “eu creio em Deus” é uma afirmação sem sentido a menos que seja
redutível a uma ou mais proposições “crer que”. No contexto de Hebreus 11.6, se G =
“Deus”, e = “existe” e g = “galardoador”, então “eu creio em G” parece ter três
sentidos possíveis: 37
1. “Eu creio que Ge”
2. “Eu creio que Gg”
3. “Eu creio que Ge + Gg ”
Hebreus 11.6 exige uma fé que afirme (3), sem a qual não se pode agradar a Deus; é
um tipo de fé “crer que”. Repare também que crer em X pode supor uma fé “crer que”
em mais do que uma proposição. Em Hebreus 11.6, ter fé tem o sentido de crer que Ge
+ Gg .
Logo, podemos concluir que “eu creio em X” é meramente uma simplificação para
“eu creio que X1 + X2 + X3...Xn”. Isso quer dizer que crer ou ter fé em algo ou alguém
é crer ou ter fé que uma ou mais proposições acerca de tal coisa ou pessoa é
verdadeira. Ter fé em Deus e em Cristo é precisamente crer algo acerca deles — ter
uma fé “crer que”. Dizer que fé seja crença ou confiança em uma pessoa em vez de
assentimento a proposições e que ela deva ir além do nível intelectual pode soar mais
piedoso ou profundo para alguns, mas essa espécie de fé é um conceito sem
significado. Uma fé que não “creia que” certas proposições sejam verdadeiras não crê
em coisa alguma em absoluto; o conteúdo dessa suposta fé está indefinido.
Muitos alegam que Tiago 2.19 opõe-se a esse ponto de vista somente intelectual e
proposicional sobre a fé. O versículo diz, “Você crê que existe um só Deus? Muito
bem! Até mesmo os demônios crêem — e tremem!” Para eles, esse verso indica que
meramente “crer que exista um só Deus” é bom porque consente numa proposição
verdadeira, mas não é uma fé salvífica. Até os demônios, e por implicação os nãoeleitos,
podem ter tal espécie de “fé” e, em conseqüência, isso falha ao não distinguir
o tipo de fé que salva com uma “mera” concordância intelectual ao evangelho.
Contudo, tal objeção ignora o contexto da passagem. O versículo 17 diz: “Assim
também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta”. A verdadeira fé
resulta em comportamento que corresponde ao conteúdo da crença de alguém. Os
demônios “crêem” que há um só Deus, mas não agem de um modo que corresponda a
uma tal crença. Em vez de adorarem-no como Deus, meramente estremecem e se
rebelam contra ele.
O que Tiago diz não contradiz o que escrevi acerca da fé, mas serve para esclarecê-la.
Ele está dizendo que a verdadeira fé produz ações que correspondem ao alegado
assentimento a ela. Em nenhum lugar ele diz que a alternativa à “fé” dos demônios é
alguma espécie de “confiança pessoal”. Antes, o que diz faz com que seja preciso que
incluamos em nossa definição de fé que o verdadeiro assentimento subentende
obediência às necessárias implicações das proposições afirmadas.
Por exemplo, supondo que alguém corretamente tenha definido “Deus”, crer que
“existe um só Deus” (Tiago 2.19) também requer que essa pessoa o adore, visto que a
palavra denota o ser último que é inerentemente digno de culto. Que os demônios não
adorem a “Deus” significa que eles, ou se recusam a reconhecer o pleno significado
da palavra, ou que, estando totalmente ciente de suas implicações, opõem-se a
conceder a ela completo assentimento.
Um comentário feito por Sinclair Ferguson sobre fé mostra a confusão comum acerca
do assentimento e da confiança.
Fé é mais do que assentimento, mas nunca é menos que esse. A fé de Tomé no
Cristo ressurreto foi assentimento ao fato da ressurreição. Porém, foi mais que
isso. Foi um coração que reconheceu: “Senhor meu, e Deus meu!” (João
20.28)38.
Não obstante, não há diferença alguma entre “um coração que reconheceu” e “uma
mente que assentiu”. 39 Ele está fazendo uma distinção que soa piedosa mas que
carece de sentido. Além disso, “Senhor meu, e Deus meu!” não é uma pessoa, mas
uma proposição. Logo, ainda que Ferguson pareça não estar a par disso, ele concorda
conosco que a fé de Tomé significa “uma mente que assentiu a uma proposição”, e
que a fé não é “mais” do que assentimento.
Todas as considerações acima resultam numa definição bíblica de fé. Visto que a
natureza da fé é o assentir ao conhecimento, e esse denota uma retenção e
compreensão de uma ou mais proposições, fé é assentimento voluntário a proposições
compreendidas, e assentimento aqui envolve obediência às exigências inerentemente
presentes nas ditas proposições.
A fonte dessas proposições às quais se deve assentir é a Bíblia. Enquanto a fé salvífica
consiste de assentimento a certas proposições relacionadas à obra redentora de Cristo,
a fé bíblica em geral permanece e se desenvolve no cristão na medida em que assente
a essas mesmas proposições junto com outras naquele livro, e assim ele cresce em
maturidade espiritual.
Em vez de usar a palavra “confiança” para distinguir a fé verdadeira da falsa, temos
somente que distinguir o verdadeiro assentimento do falso, ou a fé verdadeira da
falsa. O verdadeiro assentimento quer dizer uma concordância intelectual com
proposições compreendidas que resultam em obediência a todas as implicações
daquelas. Por outro lado, uma pessoa com falso assentimento a proposições bíblicas
afirma que concorda com as Escrituras, mas não produz os pensamentos, linguagem e
comportamento que necessariamente se infere de uma tal concordância.
A salvação pela graça mediante a fé é um dom de Deus: “Pois vocês são salvos pela
graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para
que ninguém se glorie” (Efésios 2.8,9). Desse modo, a fé não pode ser fabricada pelo
homem, mas somente dada a ele. Isso é consistente com o que dissemos a respeito da
natureza monergística da salvação até aqui, que da eleição à regeneração e, agora, ao
arrependimento e à fé, a salvação é unicamente a obra de Deus, não do homem.
Portanto, ninguém pode se gloriar mesmo acerca de sua aceitação do evangelho.
Sem a obra divina de regeneração na qual ele transforma a disposição e volição do
homem, ninguém pode ou vai assentir de verdade às proposições bíblicas sobre Deus
e Cristo. Nossa definição indica que a fé tem um elemento de volição, que é um
assentimento voluntário ao evangelho. A vontade do homem não regenerado não pode
assentir ao evangelho, mas aquele que foi regenerado por Deus também foi feito
desejoso de aceitar a Cristo; Deus mudou o seu querer. Logo, ele não “compele” uma
pessoa à fé no sentido de forçá-la a crer o que ele conscientemente rejeita a aceitar,
mas “compele” a uma mudança na vontade dela pela regeneração, de forma que seu
assentimento ao evangelho seja de fato voluntário. Ou seja, a fé é voluntária no
sentido de que a pessoa eleita decide sim aceitar o evangelho, mas somente o faz
porque Deus a leva a assim decidir; sem o poder dele para “compelir” ou transformar
o querer, ninguém decidiria aceitar aquele.
Ora, Jesus diz em João 7.17: “Se alguém decidir fazer a vontade de Deus, descobrirá
se o meu ensino vem de Deus ou se falo por mim mesmo”. Mas Romanos 8.7 diz que
“a mentalidade da carne é inimiga de Deus porque não se submete à Lei divina, nem
pode fazê-lo”. Visto que a mente pecaminosa não pode se submeter a ele, isso
obrigatoriamente significa que a pessoa que “decide fazer a vontade de Deus” já foi
transformada por ele, de modo que sua disposição não mais é pecaminosa, mas reta.
Ela, então, voluntariamente decide fazer a vontade divina, e torna-se apta a discernir a
veracidade do evangelho. Outra vez, isso faz supor que a regeneração deve preceder a
fé, e que a fé mesma é um dom de Deus.

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