AS OBRAS DE DEUS
Ainda que a Bíblia nos apresente um Deus transcendente, ela também nos lembra que
ele está profundamente envolvido nos assuntos do universo e da humanidade, trazendo
em seu início o ensino a respeito da CRIAÇÃO do universo por ele. Gênesis 1 e 2
contêm o relato histórico no qual Deus produz a terra, as estrelas, as estações, a vida das
plantas e todas as espécies de animais. A coroa de sua criação é o homem, a quem ele
fez à sua própria imagem. Estaremos estudando a criação e a natureza do homem no
próximo capítulo.
Deus criou o universo ex nihilo, ou “do nada”. Nenhum material pré-existente estava
disponível quando ele criou o universo, mas ele criou toda matéria por sua palavra e seu
poder:
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Só tu és o SENHOR. Fizeste os céus, e os mais altos céus, e tudo o que neles há,
a terra e tudo o que nela existe, os mares e tudo o que neles existe. Tu deste vida
a todos os seres, e os exércitos dos céus te adoram (Neemias 9.6).
Mediante a palavra do SENHOR foram feitos os céus, e os corpos celestes, pelo
sopro de sua boca (Salmo 33.6).
Assim diz o SENHOR, o seu redentor, que o formou no ventre: “Eu sou o
SENHOR, que fiz todas as coisas, que sozinho estendi os céus, que espalhei a
terra por mim mesmo (Isaías 44.24).
Ah! Soberano SENHOR, tu fizeste os céus e a terra pelo teu grande poder e por
teu braço estendido. Nada é difícil demais para ti. (Jeremias 32.17).
Pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as
invisíveis, 101 sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as
coisas foram criadas por ele e para ele (Colossenses 1.16).
Pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de modo
que aquilo se vê não foi feito do que é visível (Hebreus 11.3).
Tu, Senhor e Deus nosso, és digno de receber a glória, a honra e o poder, porque
criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas
(Apocalipse 4.11).
Só Deus existia antes de haver ele criado todas as coisas — exceto ele próprio, todas
elas foram feitas por ele. João escreve em seu Evangelho: “Todas as coisas vieram à
existência por intermédio dele, e à parte dele nem mesmo uma só coisa veio à
existência” (João 1.3, Tradução do Novo Mundo). Tudo absolutamente que há fora de
Deus deve sua existência a ele.
Deus não deixa o universo existir por si mesmo, visto esse de fato não o poder, mas
continuamente ele sustenta sua existência e ativamente governa sua operação. Não é
uma opinião bíblica a que diz que Deus criou o universo com certas leis que governam
sua operação. A posição bíblica é a de que Deus está sustentando o universo
continuamente, e controlando o mais diminuto evento dentro dele. Em outras palavras,
esse universo, em sua integridade, está sendo governado por uma mente pessoal em vez
de por leis e poderes impessoais. 102
Essa é a doutrina da PROVIDÊNCIA de Deus. Os teólogos distinguem a
PROVIDÊNCIA GERAL e a PROVIDÊNCIA ESPECIAL de Deus. A primeira referese
a seu controle e supervisão precisos 103 dos eventos que ele causa através de meios
ordinários. O último alude a seu controle e intervenção precisos dos eventos que ele
causa mediante meios extraordinários. Juntos, a providência geral e a especial de Deus
abarcam todo evento que ocorre.
Paulo escreve que Deus Pai, através da intervenção de Deus Filho, havia criado não
somente todas as coisas “visíveis e invisíveis”, mas que “é antes de todas as coisas, e
nele tudo subsiste” (Colossenses 1.17). Cristo é anterior a toda a criação, e mesmo agora
ele está sustentando sem interrupção o universo inteiro. Deus havia criado o universo
por sua palavra, e precisamente agora ele está “sustentando todas as coisas por sua
palavra poderosa” (Hebreus 1.3). Paulo observa em Atos 17.28: “Pois nele vivemos, nos
movemos e existimos”.
Aprendemos daqui que todos os seres contingentes devem não apenas vir à existência
por Deus através de seu poder criativo, mas eles podem continuar a existir somente por
seu poder sustentador, visto que apenas ele é auto-existente. Nada pode existir separado
de Deus, e pretensões de autonomia, sejam em que nível for, pelas coisas criadas, estão
excluídas.
Além de preservar a existência de sua criação, Deus também governa e causa todo
aspecto dessa. Nem mesmo um animal aparentemente insignificante pode morrer à parte
de seu querer (Mateus 10.29). Isso implica que tudo o mais está sujeito a seu governo,
mas há muitas outras passagens bíblicas que descrevem a extensão e o escopo de sua
supervisão sobre a criação:
Assim, não foram vocês que me mandaram para cá, mas sim o próprio Deus. Ele
me tornou ministro do faraó, e me fez administrador de todo o palácio e
governador de todo o Egito... Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o
tornou em bem, para que hoje fosse preservada a vida de muitos (Gênesis 45.8;
50.20).
Dá grandeza às nações, e as destrói; faz crescer as nações, e as dispersa. Priva da
razão os líderes da terra, e os envia a perambular num deserto sem caminhos.
Andam tateando nas trevas, sem nenhuma luz; ele os faz cambalear como
bêbados (Jó 12.23-25).
Os dias do homem estão determinados; tu decretaste o número de seus meses e
estabeleceste limites que ele não pode ultrapassar (Jó 14.5).
Ele enche as mãos de relâmpagos e lhes determina o alvo que deverão atingir (Jó
36.32).
Acaso você sabe como Deus comanda as nuvens e faz brilhar os seus
relâmpagos? (Jó 37.15).
Sei que podes fazer todas as coisas; nenhum dos teus planos pode ser frustrado
(Jó 42.2).
Pois do SENHOR é o reino; ele governa as nações (Salmo 22.28).
Deus reina sobre as nações; Deus está assentado em seu santo trono (Salmo
47.8).
Não é do oriente nem do ocidente nem do deserto que vem a exaltação. É Deus
quem julga: Humilha a um, a outro exalta (Salmo 75.6,7).
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É o SENHOR que faz crescer o pasto para o gado, e as plantas que o homem
cultiva, para da terra tirar o alimento (Salmo 104.14).
Meus ossos não estavam escondidos de ti quando em secreto fui formado e
entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu embrião;
todos os dias determinados para mim foram escritos no teu livro antes de
qualquer deles existir. (Salmo 139.15,16).
Ele cobre o céu de nuvens, concede chuvas à terra e faz crescer a relva nas
colinas. Ele dá alimento aos animais, e aos filhotes dos corvos quando gritam de
fome (Salmo 147.8,9).
Pois esse é o propósito do SENHOR dos Exércitos; quem pode impedi-lo? Sua
mão está estendida; quem pode fazê-la recuar? (Isaías 14.27).
Ao som do seu trovão, as águas dos céus rugem, e formam-se nuvens desde os
confins da terra. Ele faz os relâmpagos para a chuva e dos seus depósitos faz sair
o vento (Jeremias 10.13).
Eu sei, SENHOR, que não está nas mãos do homem o seu futuro; não compete
ao homem dirigir os seus passos (Jeremias 10.23).
Eu fiz a terra, os seres humanos e os animais que nela estão, com o meu grande
poder e com meu braço estendido, e eu a dou a quem eu quiser. Agora, sou eu
mesmo que entrego todas essas nações nas mãos do meu servo Nabucodonosor,
rei da Babilônia; sujeitei a ele até mesmo os animais selvagens. Todas as nações
estarão sujeitas a ele, a seu filho e a seu neto; até que chegue a hora em que a
terra dele seja subjugada por muitas nações e por reis poderosos (Jeremias
27.5-7).
Ele muda as épocas e as estações; destrona reis e os estabelece. Dá sabedoria aos
sábios e conhecimento aos que sabem discernir (Daniel 2.21).
A decisão é anunciada por sentinelas, os anjos declaram o veredicto, para que
todos os que vivem saibam que o Altíssimo domina sobre os reinos dos homens
e os dá a quem quer, e põe no poder o mais simples dos homens (Daniel 4.17).
Todos os povos da terra são como nada diante dele. Ele age como lhe agrada
com os exércitos dos céus e com os habitantes da terra. Ninguém é capaz de
resistir à sua mão ou dizer-lhe: “O que fizeste?” (Daniel 4.35).
Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em
celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do
que elas? (Mateus 6.26).
De fato, Herodes e Pôncio Pilatos reuniram-se com os gentios e com o povo de
Israel nesta cidade, para conspirar contra o teu santo servo Jesus, a quem
ungiste. Fizeram o que o teu poder e a tua vontade haviam decidido de antemão
que acontecesse (Atos 4.27,28).
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Contudo, Deus não ficou sem testemunho: mostrou sua bondade, dando-lhes
chuva do céu e colheitas no tempo certo, concedendo-lhes sustento com fartura e
um coração cheio de alegria. (Atos 14.17).
Ele não é servido por mãos de homens, como se necessitasse de algo, porque ele
mesmo dá a todos a vida, o fôlego e as demais coisas. De um só fez ele todos os
povos, para que povoassem toda a terra, tendo determinado os tempos
anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar (Atos
17.25,26).
Pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo
com a boa vontade dele (Filipenses 2.13).
Que Deus exerça tal controle preciso e extremo sobre toda criação é perturbador para
muitas pessoas, incluindo alguns que alegam ser cristãos. Portanto, amiúde tentam
distorcer as passagens bíblicas relevantes para justificarem uma falsa teologia que lhes
permita manter o senso de liberdade e dignidade que eles entesouram acima da verdade
e da honra de Deus.
Mas procurar ficar livre de Deus é uma coisa má. Aqueles que o amam estão contentes
de que ele possua controle absoluto sobre tudo. Eles podem dizer com Isaías 33.22:
“Pois o SENHOR é o nosso juiz, o SENHOR é o nosso legislador, o SENHOR é o
nosso rei; é ele que nos vai salvar”, e não o teriam de qualquer outra forma. Eles são
ousados de dizer entre as nações: “O SENHOR reina!” (Salmo 96.10).
Ainda que tudo esteja sob o controle providencial direto de Deus, há épocas quando seu
envolvimento é especialmente evidente, tanto assim que podemos descrever cada uma
dessas ocasiões como uma intervenção divina. Tais ocorrências são distintas de seu
governo ordinário do curso natural dos eventos, mas são casos em que Deus escolhe
usar meios extraordinários para executar seus propósitos. São algumas vezes tão
espetaculares de modo que são chamados de “milagres”. As obras da sua providência
especial também incluem as de redenção, mas visto que em um capítulo posterior nos
dirigiremos ao assunto da salvação, aqui somente focalizaremos seus atos milagrosos.
A Bíblia testifica de um Deus que efetua milagres e opera maravilhas:
Quem entre os deuses é semelhante a ti, SENHOR? Quem é semelhante a ti?
Majestoso em santidade, terrível em feitos gloriosos, autor de maravilhas?
(Êxodo 15.11).
Realiza maravilhas que não se pode perscrutar, milagres incontáveis (Jó 9.10).
Pois tu és grande e realizas feitos maravilhosos; só tu és Deus! (Salmo 86.10).
Dêem graças ao Senhor dos senhores. O seu amor dura para sempre! Ao único
que faz grandes maravilhas, o seu amor dura para sempre! (Salmo 136.3,4).
Jesus obrou tantos milagres durante seu tempo na terra que o milagroso foi
reconhecido como uma característica proeminente de seu ministério: Ele
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respondeu... “Expulsarei demônios e curarei o povo hoje e amanhã, e no terceiro
dia estarei pronto” (Lucas 13.32).
Quando Herodes viu Jesus, ficou muito alegre, porque havia muito tempo queria
vê-lo. Pelo que ouvira falar dele, esperava vê-lo realizar algum milagre (Lucas
23.8).
Israelitas, ouçam estas palavras: Jesus de Nazaré foi aprovado por Deus diante
de vocês por meio de milagres, maravilhas e sinais que Deus fez entre vocês por
intermédio dele, como vocês mesmos sabem (Atos 2.22).
Jesus fez também muitas outras coisas. Se cada uma delas fosse escrita, penso
que nem mesmo no mundo inteiro haveria espaço suficiente para os livros que
seriam escritos. (João 21.25).
Os discípulos de Jesus também operaram milagres pelo poder do Espírito Santo:
Então, os discípulos saíram e pregaram por toda parte; e o Senhor cooperava
com eles, confirmando-lhes a palavra com os sinais que a acompanhavam
(Marcos 16.20).
Todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos
apóstolos (Atos 2.43).
Os apóstolos realizavam muitos sinais e maravilhas entre o povo. Todos os que
creram costumavam reunir-se no Pórtico de Salomão (Atos 5.12).
Paulo e Barnabé passaram bastante tempo ali, falando corajosamente do Senhor,
que confirmava a mensagem de sua graça realizando sinais e maravilhas pelas
mãos deles (Atos 14.3).
Deus fazia milagres extraordinários por meio de Paulo, 12 de modo que até
lenços e aventais que Paulo usava eram levados e colocados sobre os enfermos.
Estes eram curados de suas doenças, e os espíritos malignos saíam deles (Atos
19.11,12).
Não me atrevo a falar de nada, exceto daquilo que Cristo realizou por meu
intermédio em palavra e em ação, a fim de levar os gentios a obedecerem a
Deus, pelo poder de sinais e maravilhas e por meio do poder do Espírito de
Deus. Assim, desde Jerusalém e arredores, até o Ilírico, proclamei plenamente o
evangelho de Cristo (Romanos 15.18,19).
As marcas de um apóstolo — sinais, maravilhas e milagres — foram
demonstradas entre vocês, com grande perseverança (2 Coríntios 12.12).
Esta salvação, primeiramente anunciada pelo Senhor, foi-nos confirmada pelos
que a ouviram. Deus também deu testemunho dela por meio de sinais,
maravilhas, diversos milagres e dons do Espírito Santo distribuídos de acordo
com a sua vontade (Hebreus 2.3,4).
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Os cristãos modernos estão também autorizados a testemunhar de Cristo através da
pregação do evangelho acompanhada de sinais milagrosos:
Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios;
falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno
mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes
ficarão curados (Marcos 16.17,18).
A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum.
Pelo Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito,
a palavra de conhecimento; a outro, fé, pelo mesmo Espírito; a outro, dons de
curar, pelo único Espírito; a outro, poder para operar milagres; a outro,
profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, variedade de línguas; e
ainda a outro, interpretação de línguas. Todas essas coisas, porém, são realizadas
pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, como
quer (1 Coríntios 12.7-11).
Os adversários do cristianismo rejeitam o sobrenaturalismo bíblico, negando a própria
possibilidade de milagres. Ora, todo argumento procede de uma dada cosmovisão e não
de um vácuo. E se o cristianismo é uma verdadeira cosmovisão, a única que o é, e se é
ela verdadeira em sua inteireza, 104 então todo argumento que pressuponha uma outra
não tem justificação, e toda afirmação que contradiga qualquer pressuposição bíblica
deve ser falsa. Do que se originam as teorias de epistemologia e metafísica contrárias a
origem dos milagres? Certamente, não daquela mesma cosmovisão, e desse modo
falham antes de começar. Se a Bíblia toda é verdadeira, então o que ela diz acerca da
criação e da providência também o é.
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