A UNIDADE DA ESCRITURA

A UNIDADE DA ESCRITURA

A inspiração subentende a unidade da Escritura. Que as suas palavras procedem de uma
única mente divina, faz supor que a Bíblia deve exibir uma coerência perfeita. Isso é o
que encontramos na Bíblia. Embora a personalidade distinta de cada escritor bíblico seja
evidente, o conteúdo da Bíblia como um todo exibe uma unidade e desígnio que revela
um único autor divino. A consistência interna caracteriza os vários documentos
escriturísticos, de forma que uma parte não contradiz outra.
Jesus pressupõe a coerência da Escritura quando responde à seguinte tentação de
Satanás:


Então o Diabo o levou à cidade santa, colocou-o na parte mais alta do templo e
lhe disse: “Se és o Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. Pois está escrito: “
‘Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, e com as mãos eles o segurarão,
para que você não tropece em alguma pedra”. Jesus lhe respondeu: “Também
está escrito: ‘Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus’” (Mateus 4:5-7).
Satanás encoraja Jesus a pular do templo citando Salmo 91:11-12. Jesus replica com
Deuteronômio 6:16, subentendendo que o uso da passagem por Satanás contradiz aquela
instrução e, portanto, é u’a má-aplicação. Quando alguém entende ou aplica uma
passagem da Escritura de uma maneira que contradiz outra passagem, é porque manejou
mal o texto. O argumento de Cristo aqui presume a unidade da Escritura, e nem mesmo
o diabo pôde contestá-la.
Numa outra ocasião, quando Jesus tratava com os fariseus, seu desafio para com eles
supõe a unidade da Escritura e a lei da não-contradição:
E, estando reunidos os fariseus, interrogou-os Jesus, dizendo: Que pensais vós
do Cristo? De Estando os fariseus reunidos, Jesus lhes perguntou: “O que vocês
pensam a respeito do Cristo? De quem ele é filho?” “É filho de Davi”,
responderam eles. Ele lhes disse: “Então, como é que Davi, falando pelo
Espírito, o chama ‘Senhor’? Pois ele afirma: “ ‘O Senhor disse ao meu Senhor:
Senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo de teus pés ’.
Se, pois, Davi o chama ‘Senhor’, como pode ser ele seu filho?” Ninguém
conseguia responder-lhe uma palavra; e daquele dia em diante, ninguém jamais
se atreveu a lhe fazer perguntas (Mateus 22:41-46).
Visto que Davi estava “falando pelo Espírito”, ele não poderia ter errado. Mas, se o
Cristo haveria de ser um descendente de Davi, como ele poderia ser seu Senhor ao
mesmo tempo? Que isso coloca um problema significa, em primeiro lugar, que tanto
Jesus como sua audiência admitiam a unidade da Escritura e a lei da não-contradição.
Se eles reconhecessem que a Escritura se contradiz, ou que alguém pode afirmar duas
proposições contraditórias, então Jesus não estaria significativamente fazendo questão
em absoluto. A resposta aqui é que o Messias é tanto divino como humano e, portanto,
tanto “Senhor” como “filho” de Davi.
Mas é popular encorajar-se uma tolerância para com as contradições na teologia. Alister
McGrath escreve em seu livro Understanding Doctrine:
O fato de que algo é paradoxal e até mesmo autocontraditório, não o invalida...
Aqueles dentre nós que têm trabalhado no campo científico estão muitíssimos
conscientes da completa complexidade e do caráter misterioso da realidade. Os
eventos subjacentes à teoria quântica, as dificuldades de se usar modelos na
explicação científica — para mencionar apenas dois fatores de que posso
lembrar claramente do meu próprio período como cientista natural — apontam
para a inevitabilidade do paradoxo e da contradição em tudo, exceto quando o
compromisso com a realidade é o mais superficial....


Isso não tem sentido. Admitindo que McGrath conheça ciência o suficiente para falar
sobre o assunto, 9 esse é um testemunho contra a ciência, e não um argumento para se
tolerar contradições na teologia. Ele pressupõe a confiabilidade da ciência e julga todas
as outras disciplinas por ela. Parafraseando-o, se há contradições na ciência, então, as
contradições devem ser aceitas, e deve-se tolerá-las quando surgirem também numa
reflexão teológica.
Contudo, uma razão para rejeitar a confiabilidade da ciência é precisamente porque ela
freqüentemente se contradiz. A ciência é uma disciplina pragmática, útil para manipular
a natureza e avançar a tecnologia, mas que não pode descobrir nada sobre a realidade. O
conhecimento sobre a realidade vem somente de deduções válidas da revelação bíblica,
e nunca de métodos científicos ou empíricos. 10 McGrath não nos dá nenhum argumento
para ignorar ou tolerar as contradições na ciência; ele apenas assume a confiabilidade
dela, a despeito das contradições. Mas, ele não dá nenhuma justificativa para assim o
fazer.
O que torna a ciência o padrão último pelo qual devemos julgar todas as outras
disciplinas? O que dá à ciência o direito de criar as regras para todos os outros campos
de estudo? McGrath declara que a ciência aponta “para a inevitabilidade do paradoxo e
da contradição em tudo, exceto se o compromisso com a realidade for o mais
superficial”. Porém, ciência não é teologia. Além do mais superficial “compromisso
com a realidade” — embora eu negue a confiabilidade da ciência até mesmo em tal
nível — a ciência gera contradições e desmorona, mas isto não quer dizer que a teologia
sofra o mesmo destino.
A teologia trata de Deus, que tem o direito e poder para governar tudo da vida e do
pensamento. Deus conhece a natureza da realidade, e a comunica para nós através da
Bíblia. Portanto, é a teologia que cria as regras da ciência, e um sistema bíblico de
teologia não contém paradoxos ou contradições.
Qualquer proposição que afirme uma coisa é, necessariamente, uma negação do seu
oposto. Afirmar X é negar não-X, e afirmar não-X é afirmar X. Para simplificar,
suponha que o oposto de X é Y, de forma que Y=não-X. Então, afirmar X é negar Y, e
afirmar Y é negar X. Ou, X=não-Y, e Y=não-X. Visto que afirmar uma proposição é, ao
mesmo tempo, negar o seu oposto, afirmar X e Y ao mesmo tempo é o equivalente a
afirmar não-Y e não-X. Afirmar duas proposições contrárias é, na realidade, negar
ambas. Mas afirmar tanto não-Y como não-X, é afirmar também X e Y, que significa
novamente negar Y e X. E, assim, toda a operação se torna sem sentido. É impossível
afirmar duas proposições contrárias ao mesmo tempo.
Afirmar a proposição, “Adão é um homem” (X) é, ao mesmo tempo, negar a proposição
contrária, “Adão não é um homem” (Y, ou não-X). Da mesma forma, afirmar a
proposição, “Adão não é um homem” (Y), é negar a proposição contrária, “Adão é um
homem” (X). Ora, afirmar tanto “Adão é um homem” (X) como “Adão não é um
homem” (Y) não é nada mais do que negar ambas as proposições na ordem inversa. Ou
seja, é equivalente a negar “Adão não é um homem” (Y) e negar “Adão é um homem”
(X). Mas então, isto é o mesmo que voltar a afirmar as duas proposições na ordem
inversa outra vez. Quando afirmamos ambas, negamos ambas; quando negamos ambas,

afirmamos ambas. Afirmar duas proposições contrárias, portanto, não gera nenhum
significado inteligível. É o mesmo que não dizer nada.
Admita que a soberania divina e a liberdade humana sejam contraditórias. Alguns
teólogos, alegando que a Bíblia ensina ambas, encorajam seus leitores a afirmarem
aquelas duas. Contudo, se afirmar a soberania divina é negar a liberdade humana, e
afirmar a liberdade humana é negar a soberania divina, então, afirmar ambas significa
rejeitar tanto a soberania divina (na forma de uma afirmação da liberdade humana)
como a liberdade humana (na forma de uma afirmação da soberania divina). Nesse
exemplo, visto que a Bíblia afirma a soberania divina e nega a liberdade humana, não há
contradição — nem mesmo uma que seja aparente. 11
Por outro lado, quando incrédulos alegam que a encarnação de Cristo acarreta uma
contradição, a qual é o contexto da passagem acima de McGrath, o cristão não tem a
opção de negar a deidade ou a humanidade de Cristo. Antes, ele deve articular e
clarificar a doutrina como a Bíblia a ensina, e mostrar que não há contradição. O mesmo
se aplica à doutrina da Trindade.
É fútil dizer que essas doutrinas estão em perfeita harmonia na mente de Deus, e que
somente parece haver contradições para os seres humanos. Enquanto permanecerem
contradições, seja somente na aparência ou não, não podemos afirmar as duas coisas. E
como alguém pode distinguir entre uma contradição real e uma apenas aparente? Se
devemos tolerar as contradições aparentes, então devemos tolerar todas as outras. Visto
que sem conhecer a resolução, uma aparente contradição parece ser o mesmo que uma
real, saber que uma “contradição” o é somente na aparência significa que alguém já a
resolveu, e, então, o termo não mais se aplica.
Cientistas e incrédulos podem chafurdar em contradições, mas os cristãos não devem
tolerá-las. Pelo contrário, ao invés de abandonar a unidade da Escritura e a lei da nãocontradição
como uma “defesa” contra aqueles que acusam as doutrinas bíblicas de
serem contraditórias, devem afirmar e demonstrar a coerência dessas doutrinas. Por
outro lado, os cristãos devem expor a incoerência das crenças não-cristãs, e desafiar
seus adeptos a abandoná-las.

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